segunda-feira, 23 de junho de 2014

O Jeep Militar Argentino e versões: Parte 1 - Introdução



Já abordamos nesse blog, mais precisamente em março de 2011, a história desses modelos argentinos, produzidos pela IKA, Indústrias Kaiser Argentina e mais tarde IKA-Renault. Por isso, o foco desse post  será os modelos militares, ou militarizados, termo mais correto nesse caso.
No Brasil também tivemos o nosso 5224 (Jeep Universal) militarizado para atender as necessidades das Forças Armadas, principalmente o Exército, devido às dificuldades e custos de manutenção  inerentes à importação de modelos específicos. No caso argentino, os motivos foram praticamente os mesmos. Lá, o modelo padrão, principalmente a partir da década de 1970, foi o denominado Jeep IKA-Renault M101.
Primeiramente vamos a uma pequena introdução sobre o início da fabricação do Jeep no país vizinho ao Brasil. O Jeep IKA na Argentina teve início no começo de 1956 (27 de Abril) na planta de Isabel,província de Córdoba, que teve a incumbência contratual de produzir toda a linha Kaiser, mas não podia. Por isso, um fato curioso foi que  ao abrir as portas, simplesmente não estavam preparados para produzir literalmente todas as partes dos veículos, e então importaram carrocerias, chassis e outros acessórios , simulando a fabricação. O índice de nacionalização era de apenas 40%. A partir de 1957 efetivamente começaram a produzir todas as partes do chamado Jeep IKA Argentino, o primeiro veículo produzido em série naquele país. O índice de nacionalização passara a 80%. 
 Na foto acima percebe-se o alongamento do assoalho traseiro dos primeiros Jeep IKA, mas ainda com a parte externa igual à carroceria americana, portanto diferente da que aparece na foto abaixo, que é a versão chamada "mediana" .

Foi nessa fábrica que surgiu o primeiro motor a gasolina fabricado na América Latina, um IKA 4 cilindros em linha, cilindrada de 151 pol, sendo 3/4 do motor Continental 6L-226 americano. Em 02 de setembro de 1956 saiu também daquela fábrica um Jeep pick-up. A escassez de veículos acessíveis em fins da década de 1950 na América Latina fez com que na Argentina por exemplo, muitos Jeep fossem encarroçados para cumprirem a dupla função de veículo de carga e de passageiros. Houve também a produção de uma variação do tipo mini caminhão, sobre a base do Jeep, denominada Carguero. Em fins de 1967 a empresa passou a denominar-se IKA Renault, embora exista material de 1965 com essa denominação. A produção da linha Jeep IKA-Renault foi encerrada em 30 de março de 1978, após 22 anos e mais de 38.000 unidades.

Os primeiros Jeep IKA possuíam carroceria similar aos CJ-5 americanos e mais tarde ficaram conhecidos na Argentina como modelos "curtos" ou "importados", pois logo seriam bastante modificados pela indústria local, surgindo os modelos "medianos". Os primeiros "curtos" ingressaram no Exército Argentino (EA) em 1957 e 1958, sem maiores modificações em relação aos modelos "curtos" civis, salvo a cor da pintura. Segundo regulamento técnico militar eram denominados Jeep Kaiser modelo 1955, e segundo dados de produção , entre 01/07/1957 e 29/04/1958 chegaram ao EA e a outras Forças Militares do país, 625 unidades. Na fábrica, eram denominados como JA-1MA (JA de Jeep Argentino). Durante a década de 1960 as Forças Militares daquele país estiveram abastecidas também com modelos oriundos do PAM, Programa de Assistência Militar dos EUA.
Em fins de 1957 o Jeep IKA ganhou carroceria nacional, com extensas modificações em relação a anterior, americana. A versão argentina ficou 23 cm mais comprida, com a soldagem de um piso extra na parte do assoalho traseiro. Mais tarde houveram modificações nas caixas de rodas e paralamas traseiros, com perfil semelhante aos dianteiros, rebaixos nas laterais que aumentaram a altura do perfil e possibilitou embutir um estribo e ocultar o chassi, entre outras coisas, como as dobras nos paralamas dianteiros. Um detalhe curioso é que apesar do novo desenho do perfil dos paralamas traseiros, a parte interna (caixa de rodas) era arredondada. As modificações visavam dar maior rigidez estrutural  e aumentar o espaço de carga. Essa é a carroceria chamada de "mediana". Em relação à carroceria do CJ-5, que tinha a chapa mais fina mas de tratamento muito melhor, a argentina era mais robusta mas de peso superior.


Com o passar dos anos não ocorreram novas mudanças significativas, exceto a passagem de 6 para 12 V no sistema elétrico e uma versão diesel.
O Jeep IKA é facilmente identificável quando ao avistarmos o painel, se original, vemos que coluna de direção invade o mesmo, necessitando de uma fenda ou buraco bem no meio,mesmo nas carrocerias importadas de 1956 e 1957 onde nesse caso,  percebe-se com mais certeza que não trata-se de um M606A1, nem um CJ-5 americano, nem mesmo M38A1. No entanto, essa diferença em relação aos americanos e aos Jeep brasileiros de mesma época conferia aos modelos hermanos uma posição de dirigir um pouco melhor e o espaço entre o banco do motorista e o volante aumentava ocasionando maior conforto.
 Carroceria versão "curta" similar ao CJ-5 americano. Abaixo,painel argentino.

 Acima e abaixo, visões do chassi argentino, com diferencial Dana 44 atrás, 25 na frente, motor Continental 151 4 cil, sistema de freio de estacionamento acoplado na caixa de transferência, como os Jeep brasileiros do final dos anos 50 e início dos 60.


 



 
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